Reza a lenda que tudo começou em um 29 de dezembro qualquer do século IV, quando São Pantelão saiu batendo de porta em porta em um vilarejo italiano em busca de comida, se passando por um andarilho. Uma família o deixou entrar e dividiu a pouca comida que tinha, servindo exatamente 7 nhoques para cada um. São Pantaleão agradeceu a refeição e partiu. Ao tirar a mesa, a família encontrou moedas de ouro embaixo dos pratos. A história ficou famosa no mundo inteiro e deu origem ao ritual que ocorre no dia 29 de cada mês, quando coloca-se dinheiro embaixo do prato e come-se em pé os primeiros sete pedaços de nhoque. Eu nunca fui adepta da simpatia, mas esse mês resolvi aderir e pesquisar sobre essa tradição, graças à uma mala direta de mercado anunciando a data (a propaganda seria bem sucedida não fosse pelo fato de que nenhum ingrediente foi comprado no mercado em questão! Hahahaha).
Não satisfeita em apenas comprar um pacote de massa fresca, lá fui eu inventar de prepará-la em casa em plena quinta-feira na hora do almoço. Claro que me arrependi no meio do caminho, mas essas coisas não tem volta...
Resolvi usar as lindas mandiocas orgânicas do sítio em vez de batatas, pois já estavam descascadas, lavadas e pré-cozidas, o que facilitou bastante o processo. Pra que sofrer?
Coloquei quase 1,5 quilos de mandioca cortada em pedaços uniformes na panela de pressão, 1 colher de chá de sal e cobri com água. Deixei cozinhar por cerca de 20 minutos depois de pegar pressão.
Amassei a mandioca em uma tigela e deixei esfriar um pouco. Juntei 1 ovo, 1 xícara de farinha e 1 colher de sobremesa de manteiga. Misturei tudo com uma espátula até conseguir manusear. Ela fica bem grudenta, mas é assim mesmo. Para fazer os nhoques, coloquei um pouco de farinha nas mãos e em cima da mesa. Tirei um pedaço da massa e estiquei com as mãos formando um rolinho comprido e depois cortando. É assim: você pega um pedaço de massa e coloca na superfície enfarinhada. Depois, fricciona a massa contra a superfície, em um movimento de vai e vem, esticando-a. Quando ela ficar com a espessura do seu dedão se você for mulher e do seu dedo indicador se você for homem, corte a massa em vários pedaços pequenos. Deu pra entender? Fiz isso várias vezes, até acabar a massa (ai que trampo!).
Para acompanhar, fiz um molho de lagarto desfiado bem carnudo. Refoguei na panela de pressão 1 cebola média e 4 dentes de alho picados com 1 colher de sopa de azeite. Juntei um pouco mais de 1/2 quilo de lagarto cortado em cubos, temperei com sal e pimenta do reino e deixei fritar até a carne ficar marrom. Acrescentei 1 cenoura e 2 tomates cortados em cubos, ervas finas secas e um pouco mais de pimenta do reino e dei uma refogadinha rápida. Completei com 1 litro de água, tampei a panela e cozinhei por uns 20 minutos após pegar pressão. Abri a panela, desfiei a carne, que já estava bem molinha, com um garfo e juntei cerca de 2 xícaras de molho de tomate caseiro que já tinha pronto. Deixei apurar por mais uns 15 minutos em fogo baixo.
Para terminar, cozinhei os nhoques aos poucos em água fervente, até subirem à superfície. Essa parte foi a mais trabalhosa porque, vou te contar, haja nhoque!
A essa altura do campeonato, morta de fome e cansada, os sete nhoques de pé não rolaram (é nhoque pacas!), mas o dinheirinho tava lá, como manda a tradição. Será que tem problema? rs
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